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terça-feira, 8 de novembro de 2016

Cerâmica do Vale do Jequitinhonha recebe apoio do Governo de Minas Gerais

Seleção de peças para feira nacional, selo comemorativo e ações de fomento ao artesanato para manter o legado de Dona Izabel são algumas das ações
desenvolvidas
O trabalho de Dona Izabel vem sendo passado para várias gerações

A artista plástica e ceramista Andreia Pereira de Andrade, 33, começou a tomar gosto pelo ofício logo cedo, aos 12 anos de idade. Ela se encantava ao ver a avó, Dona Izabel, e a mãe, Glória, darem forma à argila. E é nas mãos dessas mulheres que o barro reproduz cenas do cotidiano da região de Ponto dos Volantes, Território Médio e Baixo Jequitinhonha. 
“Guardo com carinho os ensinamentos da minha avó, especialmente o jeito de reproduzir em detalhes, o feminino regional nas bonecas, nas formas da mulher, nas roupas rendadas e nos laços de fita”, relembra a neta. As bonecas de Dona Izabel, especialmente, ficaram famosas pelo mundo representando a arte do local.
O trabalho da artesã Aneli de Souza Brandão também tem um pouco de Dona Izabel. “Eu aprendi com ela a fazer as bonecas, as feições. E por causa delas me orgulho de ser mulher, de ser do Vale do Jequitinhonha. É daqui que nós tiramos nossa força, sustento, identidade. Sem isto, somos menos que podemos” comenta emocionada. 
Glória Mendes, filha de Dona Izabel conta que a preservação desta arte sempre foi preocupação para a mãe. “Quando ela estava no hospital, pediu para que o trabalho não fosse interrompido. Eu prometi que nunca iria parar, somente quando Deus me levar”, conta Mendes. Hoje, ela e a filha Andreia Pereira lutam para que o legado deixado por Dona Izabel continue gerando trabalho e renda para muitas mulheres artesãs da região. 
História de Dona Izabel
Artesã mineira, falecida em 2014 aos 90 anos, Dona Izabel usava o barro para sustentar seus quatro filhos após ficar viúva. Suas bonecas fomentaram a economia e identidade locais, ganharam o mundo e foram reconhecidas por diversos prêmios como o Unesco de Artesanato para a América Latina (2004), a Ordem do Mérito Cultural (concedida pelo Ministério da Cultura em 2005) e o Prêmio Culturas Populares (Ministério da Cultura, em 2009).
Investimentos
Dentro da lógica do desenvolvimento regional, o Governo de Minas Gerais reconhece a importância da cerâmica do Jequitinhonha para a cultura e economia mineira e investe no nesse tipo de trabalho com diversas ações.
No início do mês de outubro, por exemplo, uma equipe do Instituto de Desenvolvimento do Norte e Nordeste de Minas Gerais (Idene) e da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Integrado e Fóruns Regionais (Sedif), acompanhada do antropólogo e professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Ricardo Lima, esteve na comunidade de Santana do Araçuaí.
O objetivo foi selecionar mais de 2.000 peças de aproximadamente 30 artesãos, sendo alguns discípulos de Dona Izabel, que irão participar da exposição “Sobre Flores e Bonecas: a cerâmica do Jequitinhonha”, que homenageará Dona Izabel, em São Paulo.  A exposição será entre os dias 22 de novembro e 23 de dezembro, na “A Casa - museu do objeto brasileiro” que fica na Avenida Pedroso de Morais, nº 1234, no bairro de Pinheiros, São Paulo.
“Esses produtos são referência mundial. As feiras e exposições poderão contribuir para que este artesanato de tanta tradição não seja abandonado e esquecido. E as feiras são ótimas oportunidades para isso”, disse Ricardo Lima.
A ação faz parte do programa Artesanato em Movimento, da Secretaria de Estado de Desenvolvimento e Integração do Norte e Nordeste de Minas Gerais (Sedinor) e seu órgão operacional, o Idene, em parceria com a Superintendência de Artesanato, a Sedif, o Sebrae-MG e A Casa - Museu do Objeto Brasileiro.
“A intenção é fortalecer o trabalho do artesão mineiro, bem como criar oportunidades para promover a comercialização, já que a maior dificuldade é o escoamento da produção”, afirma o coordenador do programa, Ronaldo Lima.
Selos comemorativos
Outra medida para divulgar o artesanato de Santana do Araçuaí foi a parceria entre o Governo de Minas Gerais e a regional mineira dos Correios na criação de um conjunto de selos especiais, com as imagens das bonecas premiadas de Dona Izabel, lançado em setembro deste ano. A iniciativa é uma parceria entre o Sistema Sedinor/Idene, a Sedif, a Coordenação de Artesanato, da Secretaria de Estado de Cultura (SEC), o Centro de Artesanato Mineiro e o Instituto Vale Mais.
Artesanato mineiro
A atividade é destaque no desenvolvimento da economia mineira e na geração de renda. Hoje, existem cerca de 250 mil artesãos em Minas Gerais. Segundo pesquisa do Instituto Centro de Capacitação e Apoio ao Empreendedor (Centrocape), uma ONG mineira, cada artesão gera em média cinco empregos. O setor movimenta, em Minas Gerais, aproximadamente R$ 2,3 bilhões por ano. O Governo de Minas Gerais condensa diversas ações de fomento à atividade. 

content arte - onde se capacitar
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